Aline Coelho
Naiara Leonor
Foto: Aline Coelho
Há pouco mais de três anos, uma jovem foi
assassinada no bairro CPA, em Cuiabá. Juliene Gonçalves foi estuprada,
morta, pendurada nua pelo pescoço com sua calça jeans em praça pública. O
assassino? Um conhecido com quem ela pegou carona depois de uma festa.
Casos como esse não são isolados. Em Mato
Grosso, foram registrados 230 homicídios e atentados contra a mulher só em 2014,
segundo informação da Secretaria de Estado de Segurança Pública [Sesp], sendo
65 desses só na capital mato-grossense.
O cenário nacional é bem mais assustador, já
que no período de 2000 a 2010, 43,7 mil mulheres foram mortas no país vítimas
de homicídio, sendo que 40% delas foram assassinadas dentro de suas casas.
Julia Oviedo e Leilaine Rezende, estudantes de Comunicação Social na UFMT, falam sobre os tipos de violência e dizem se já foram vítimas de alguma forma de agressão:
Julia Oviedo e Leilaine Rezende, estudantes de Comunicação Social na UFMT, falam sobre os tipos de violência e dizem se já foram vítimas de alguma forma de agressão:
Crimes como esses muitas vezes começam com uma
violência verbal, que não é denunciada pelas vítimas por medo, culpa, vergonha, entre outros motivos. Esse tipo de violência é também corroborada por uma
sociedade patriarcal marcada pela inferiorização da mulher perante o homem.
Segundo dados da Sesp, só na Grande Cuiabá, em 2014, foram registradas 4.552
queixas de agressão psicológica.
Pelos dados apresentados é possível constatar que apenas uma pequena parcela da sociedade é consciente do respeito e dos direitos das mulheres em sociedade. Demetrinho Arruda, graduando de Comunicação Social da UF, reconhece a existência de uma parte minoritária que respeita as mulheres, mas vê perspectivas de melhora:
Pelos dados apresentados é possível constatar que apenas uma pequena parcela da sociedade é consciente do respeito e dos direitos das mulheres em sociedade. Demetrinho Arruda, graduando de Comunicação Social da UF, reconhece a existência de uma parte minoritária que respeita as mulheres, mas vê perspectivas de melhora:
E a violência não está restrita a mulheres
adultas. Elas acontecem com crianças e adolescentes, como é o caso das
mensagens de cunho sexual publicadas na internet sobre a menina Valentina, de 12
anos, que participa do programa culinário MasterChef Junior, da TV
Bandeirantes.
O silêncio da sociedade na abordagem do assunto
dificulta para que mulheres e crianças falem abertamente sobre o seu abuso, criando um tabu. Enquanto isso, Julienes e Valentinas são violentadas física
e psicologicamente sem contar com a devida proteção social e estatal.
Foto: Isabela Mercuri
Por isso, um grupo de mulheres donas de casa,
artistas e estudantes resolveram falar sobre o abuso. Na verdade, "pintar" sobre ele.
O grupo Mulheres do Hip Hop MT foi criado
em fevereiro, e já fez a primeira intervenção no Dia da Mulher Negra e
Latino-americana, em 25 de julho.
Lígia da Silva Viana, 34, é produtora cultural e compõe o coletivo. Ela conta que o grupo queria
fazer uma intervenção destacando a violência contra a mulher e, por isso, escolheram o assassinato da jovem Juliene, que aconteceu na praça do CPA 2.
Foto: Grupo Mulheres do Hip Hop MT
"Nós escolhemos a
praça do CPA 2 porque nesse local uma mulher foi vítima de uma violência
brutal. E essas violências continuam a ocorrer, são cotidianas e devemos falar
sobre isso", afirma Lígia Viana.
A família de Juliene
esteve na intervenção que foi realizada no sábado [31/10], às 16h, no mini
Estádio do CPA2.
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Foto: Isa Sousa
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