terça-feira, 10 de novembro de 2015

O que é violência contra a mulher para você? Não trate com normalidade o que é crime

Aline Coelho
Naiara Leonor

 
Foto: Aline Coelho

Há pouco mais de três anos, uma jovem foi assassinada no bairro CPA, em Cuiabá. Juliene Gonçalves foi estuprada, morta, pendurada nua pelo pescoço com sua calça jeans em praça pública. O assassino? Um conhecido com quem ela pegou carona depois de uma festa.

Casos como esse não são isolados. Em Mato Grosso, foram registrados 230 homicídios e atentados contra a mulher só em 2014, segundo informação da Secretaria de Estado de Segurança Pública [Sesp], sendo 65 desses só na capital mato-grossense.

O cenário nacional é bem mais assustador, já que no período de 2000 a 2010, 43,7 mil mulheres foram mortas no país vítimas de homicídio, sendo que 40% delas foram assassinadas dentro de suas casas.

Julia Oviedo e Leilaine Rezende, estudantes de Comunicação Social na UFMT, falam sobre os tipos de violência e dizem se já foram vítimas de alguma forma de agressão:


Crimes como esses muitas vezes começam com uma violência verbal, que não é denunciada pelas vítimas por medo, culpa, vergonha, entre outros motivos. Esse tipo de violência é também corroborada por uma sociedade patriarcal marcada pela inferiorização da mulher perante o homem. Segundo dados da Sesp, só na Grande Cuiabá, em 2014, foram registradas 4.552 queixas de agressão psicológica. 

Pelos dados apresentados é possível constatar que apenas uma pequena parcela da sociedade é consciente do respeito e dos direitos das mulheres em sociedade. Demetrinho Arruda, graduando de Comunicação Social da UF, reconhece a existência de uma parte minoritária que respeita as mulheres, mas vê perspectivas de melhora:


E a violência não está restrita a mulheres adultas. Elas acontecem com crianças e adolescentes, como é o caso das mensagens de cunho sexual publicadas na internet sobre a menina Valentina, de 12 anos, que participa do programa culinário MasterChef Junior, da TV Bandeirantes.

O silêncio da sociedade na abordagem do assunto dificulta para que mulheres e crianças falem abertamente sobre o seu abuso, criando um tabu. Enquanto isso, Julienes e Valentinas são violentadas física e psicologicamente sem contar com a devida proteção social e estatal.

Foto: Isabela Mercuri

Por isso, um grupo de mulheres donas de casa, artistas e estudantes resolveram falar sobre o abuso. Na verdade, "pintar" sobre ele. 

O grupo Mulheres do Hip Hop MT foi criado em fevereiro, e já fez a primeira intervenção no Dia da Mulher Negra e Latino-americana, em 25 de julho.

Lígia da Silva Viana, 34, é produtora cultural e compõe o coletivo. Ela conta que o grupo queria fazer uma intervenção destacando a violência contra a mulher e, por isso, escolheram o assassinato da jovem Juliene, que aconteceu na praça do CPA 2.

Foto: Grupo Mulheres do Hip Hop MT

"Nós escolhemos a praça do CPA 2 porque nesse local uma mulher foi vítima de uma violência brutal. E essas violências continuam a ocorrer, são cotidianas e devemos falar sobre isso", afirma Lígia Viana.

A família de Juliene esteve na intervenção que foi realizada no sábado [31/10], às 16h, no mini Estádio do CPA2.

Foto: Isa Sousa


Foto: Isa Sousa












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