NAIARA LEONOR
[Foto: Naiara Leonor]
O Brasil é um país com população
majoritariamente católica, mas são inúmeras as religiões praticadas. Dentre
elas, pelo menos 15 são de origem africana, com as mais conhecidas sendo o
Candomblé e a Umbanda. Desde que foram trazidas para o
Brasil pelos negros escravizados, as religiões de origem africana sofrem com o
estigma de culto ao demônio. A falta de conhecimento sobre os rituais e as crenças das religiões afro-brasileiras dão origem ao preconceito e aumentam a intolerância religiosa no país.
Joice Moraes, estudante de
Publicidade e Propaganda da UFMT, diz não conhecer muito sobre essas religiões,
mas sabe alguns nomes. “Sei que existe Candomblé, que é baseada na crença dos
orixás e que alguns deles são representados por santos católicos também”. Sendo
agnóstica [aquele que acredita em algo sobrenatural, mas não tem religião], ela
diz que não tem preconceito e que respeita as religiões africanas, como
qualquer outra.
Mas atitudes de respeito como a
de Joice não são unânimes no Brasil, que, apesar de um país de múltiplas
religiões, tem inúmeros casos de intolerância religiosa.
Segundo informações divulgadas em
relatório preliminar da Comissão de Combate a Intolerância Religiosa (CCIR), de
janeiro de 2011 a junho de 2015, o Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos
da Presidência da República recebeu 462 denúncias sobre discriminação
religiosa.
O número de registros ainda é
pouco representativo, pois as vítimas do preconceito contra a própria religião
não chegam a fazer a denúncia por medo de retaliação. O estudante de Jornalismo, Demetrinho Arruda, que é católico, confessa que já teve preconceito
com religiões como Candomblé e Umbanda, mas que hoje pratica a tolerância religiosa.
“Antes eu não tinha conhecimento, então tinha aquele típico pensamento
preconceituoso. Mas hoje tenho mais informação sobre o assunto, respeito todas
as religiões e sei que é uma questão cultural também”.
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[Foto: Reprodução / Ilustração]
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O direito de livre crença e a
liberdade religiosa é assegurado no Brasil pelo artigo 5º, inciso VI, da Constituição
Federal. Além disso, há também dois artigos da Lei nº 12.288/2010 (Estatuto daIgualdade Racial), que defendem especificamente a liberdade de crença em religiões
com matriz africana.
A radialista Karina Figueredo,
umbandista há mais de quatro anos, relata que nunca sofreu o preconceito
diretamente, mas que sabe que ele existe. “Descobri a religião através de uma
amiga. Depois de ir a primeira vez ao centro, comecei a frequentar e cheguei a
realizar trabalhos por quatro anos. Hoje não sou mais tão assídua, mas tenho
minha fé e pratico os rituais. Nunca sofri com o preconceito diretamente, mas
já fui aconselhada a não expor minha religião onde trabalho, por exemplo”.
Karina também acredita que a
falta de conhecimento é a maior causa do preconceito e intolerância religiosa. “No
caso da Umbanda, por exemplo, as pessoas confundem com a Quimbanda, que se
utiliza de magia negra. Umbanda não tem nada disso. O real significado da
palavra é na verdade ‘fé, esperança e caridade’. Até o significado de macumba
foi deturpado”. Ela explica que macumba, na verdade, é o nome do tambor tocado
nos centros de Umbanda.
Como forma de promover a paz, o respeito e o combate ao preconceito contra as religiões, instituiu-se a Lei nº11.635/07, que define o dia 21 de janeiro como o "Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa".
Como forma de promover a paz, o respeito e o combate ao preconceito contra as religiões, instituiu-se a Lei nº11.635/07, que define o dia 21 de janeiro como o "Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa".
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