sexta-feira, 22 de maio de 2015

Serviço de copiadoras na UFMT segue questionável

Cleomar, Xerox do IE/Crédito Arildo Leal
ALINE COELHO
ARILDO LEAL

Cópias, impressões, encadernações (inclusive capa-dura), escaneamento são alguns dos serviços disponibilizados por Cleomar na copiadora instalada nas dependências do Centro Acadêmico de Pedagogia, no Instituto de Educação (IE). Porém, para a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o uso do espaço hoje é ilegal e a saída de Cleomar é iminente.

Cleomar, eletricista de formação, já está há 12 anos trabalhando no local. “Trabalho sozinho, minha esposa ajuda de vez em quando e chego a ter um volume entre 30 e 40 mil cópias por mês”, declara. “Chego aqui por volta das 8h e vou até as 20h, com pausa para o almoço”, complementa.

Ele é um dos três microempresários que permanecem prestando o serviço na UFMT, após a retirada, em janeiro de 2015, das copiadoras que ocupavam espaços adendos aos Centro Acadêmicos há mais de 20 anos.

“A cobrança por regulamentar as 'xerox' que não passaram por licitação veio do Ministério Público”, diz Valdemar Souza, 4º Ano de Letras. O que antes estava sob a tutela dos CA´s – a livre utilização de seu próprio espaço físico - passa a ser entendido como de competência da direção da Universidade. 

A Pró-reitora de Administração da UFMT, Valéria Calmon Corisara, explica que esses locais que permanecem e são considerados ilegais serão novamente notificados. Se não houver solução, a UFMT irá recorrer à Procuradoria Federal, para uma ação de reintegração de posse da área pública.

E o serviço?
Enquanto o imbróglio não é resolvido, para os alunos a prestação do serviço é precária e deve piorar. “O atendimento das copiadoras no Instituto de Linguagens é precário. O Cleomar tem os materiais digitalizados dos professores no computador e ainda tem a máquina de cartão que é uma coisa que facilita. Aqui - na copiadora licitada – não tem essas coisas”, reclama a acadêmica do 4º ano de Literatura, Cássia Bueno.

Para a Universidade, os “postos de reprografia” estão atendendo bem a comunidade acadêmica. “Ao menos, não existe nada formalizado dizendo que não está”, destaca a Pró-reitora de Administração.

Hoje, a UFMT mantém contrato com a empresa ColorPress para a prestação desse serviço. A pró-reitora explica que além da loja que opera entre o Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) e a Rua Um do bairro Boa Esperança, a empresa mantém mais cinco pontos, na Faculdade de Medicina Veterinária, Enfermagem,  Instituto de Ciências Exatas e da Terra (ICET),  Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FAeCC)  e Instituto de Linguagens (IL).

Sala pequena e escondida da ColorPress do IL
[Crédito: Arildo Leal]

Apesar do número reduzido desses pontos, Valéria Calmon conta que é possível que pelo menos um desses locais seja fechado. “Nos foi repassado que o movimento diário na Faec é de um real”.

Dimdim
Hoje, o valor unitário da cópia na Xerox do CA de Pedagogia é de R$ 0,08, abaixo dos R$ 0,10 praticados pela ColorPress. A primeira é negociada juntamente com os estudantes, a segunda, com direção da UFMT. A cada gestão, o Centro Acadêmico se reúne com Cleomar para debater melhorias e aquisições para o espaço cedido.

Já sobre a quantia que a ColorPress paga a UFMT, a pró-reitora explica que os valores são referenciados na licitação – que englobam aluguel por m² e energia elétrica. Ainda existe uma articulação por meio da PRAE (Pró-Reitoria de Assistência Estudantil) para fazer os repasses do que é arrecadado pelas copiadoras aos Centros Acadêmicos (CA´s).  

Ela conta também que na UFMT as pessoas têm dificuldade de entender esse tipo de situação, pois quando as empresas concorrem à licitação, elas concordam em pagar aluguel, luz, tributos, entre outros, nos 365 dias do ano, enquanto o calendário prevê 200 dias letivos. Essa é outra dificuldade para a ampliação do serviço na instituição. 

"Não queremos elogios, queremos respeito."

Movimento feminista cresce dentro da universidade

BRUNA ULIANA
KARINA CABRAL


Pichação anônima na UFMT

Nos últimos anos, o movimento feminista ganhou um espaço cada vez maior na sociedade. O assunto se popularizou graças às discussões em redes sociais, e hoje em dia é possível encontrar coletivos feministas em qualquer cidade, o que não acontecia com tanta facilidade antes.

O feminismo busca, em essência, direitos iguais entre gêneros através do empoderamento feminino e da libertação dos valores patriarcais. Os preconceitos acerca do tema, que ainda são muitos, têm diminuído com a propagação do movimento na internet, em coletivos presenciais, na televisão e em outros segmentos midiáticos.

Um dos lugares onde mais se tem espaço para discussões sobre feminismo – além de outros temas sociais – é a universidade. A estudante Bianca Fujimori, que cursa Jornalismo e se considera feminista, conheceu o movimento há três anos e vê avanços significativos em relação ao tema. “A popularização do termo ‘feminista’ mostra uma mudança nos comportamentos da sociedade, e isso é importante para a libertação das mulheres tanto sexualmente, quanto socialmente”, ela diz.

Bianca Fujimori, 20

Na UFMT, um coletivo feminista foi criado no início do ano com o intuito de promover estudos sistematizados sobre o feminismo, denunciar abusos que ocorrem na universidade, buscar conquistas em espaços públicos e privados, além de construir um laço de solidariedade entre mulheres. “O coletivo surgiu primeiro pela necessidade das mulheres da universidade de se organizarem contra a opressão, de se protegerem e cobrarem coisas e medidas da universidade. Juntando a necessidade com a demanda de superação da opressão da mulher e da libertação do patriarcado, surgiu o coletivo”, conta Viviane Motta, estudante de Ciências Sociais e uma das participantes do coletivo.

Pichação anônima na UFMT

Com reuniões semanais e aberto também para pessoas de fora da universidade, o grupo agrega mulheres de diferentes correntes feministas, o que não tem sido visto como um problema pelas participantes. “Mesmo com algumas divergências ideológicas, temos lutas em comum que nos unem”, diz Viviane. Elas ainda explica com mais detalhes o movimento existente na UFMT:

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Ei, você, estudante de Rádio e TV! Conhece o Cineclube Coxiponés?

FERNANDO PRADO
ISABELA MEYER
NAIARA LEONOR

Os alunos que iniciam um curso de audiovisual, como o de Rádio e TV, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), chegam com o sonho de “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Para auxiliar a realização desse sonho, o Cineclube Coxiponés estimula a participação dos alunos em projetos que envolvem a criação e produção de produtos audiovisuais, além de disponibilizar um espaço de discussão sobre o tema e um acervo para pesquisa.

Muitos estudantes de Rádio e TV perdem o interesse e desanimam durante o tronco comum com as disciplinas teóricas. A ansiedade em colocar a mão na massa pode ser saciada participando de projetos, como o Cineclube Coxiponés.


Em funcionamento desde 1977, o Cineclube Coxiponés, projeto de extensão vinculado à Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (PROCEV) da UFMT, é um dos mais antigos do país e uma das principais propostas dessa natureza que disponibiliza bolsas para os alunos de Rádio e TV da UFMT.

O supervisor do Cineclube e professor da UFMT, Moacir Francisco Barros, informa que atualmente o Coxiponés desenvolve o programa “Cinematografando”, que há quatro anos estimula todas as fases de trabalho do cinema, visando fortalecer a cadeia de produção audiovisual mato-grossense.

Dentro do programa “Cinematografando”, o professor Moacir explica que há quatro projetos em desenvolvimento, sendo que os alunos de Rádio e TV podem participar dos três primeiros: Sessão Coxiponés, Digitalização do Acervo, Mostra de Audiovisual Universitário América Latina UFMT e o Cineaula.

Veja a opinião de três estudantes do curso sobre o projeto:


O Sessão Coxiponés propõe que a comunidade interna da UFMT selecione ciclos de filmes que se relacionem a um tema de escolha do proponente para exibição à comunidade interna e externa. De acordo com edital, deve-se indicar de quatro a oito filmes por tema e participante. As sessões são às terças e quintas. As inscrições estão abertas até 30 de junho, e a curadoria do Cineclube já selecionou três ciclos: Juventude Transviada, que está em exibição; Cinema de Horror e Cinema Expressionista.

O Cineclube também é um centro de referência no quesito acervo audiovisual de Mato Grosso, e para modernizar e manter essa biblioteca cinematográfica é realizada digitalização dos filmes. A consulta ao acervo é aberta às comunidades interna e externa, mas deve ser feita no local que disponibiliza um espaço para tal. O Cineclube também fornece cópia do material, caso o visitante queira. Professores que queiram utilizar o espaço para uma aula com filme, o projeto também abre suas portas para. Para isso, basta agendar um horário.

Um dos projetos mais conhecidos do Cineclube é a Mostra de Audiovisual Universitário América Latina UFMT, que está em sua 14ª edição. Além da mostra competitiva de filmes, dos seminários, painéis e oficinas que já são consagrados na Mostra Universitária da UFMT, o evento trará sessões itinerantes em escolas públicas de Cuiabá, e reabre as ações de audiovisual no Teatro Universitário durante o evento em novembro. Haverá novidades também na premiação, que este ano conta com o patrocínio do Banco da Amazônia. Todos podem participar, prestigiando a mostra e inscrevendo seus filmes.

Atualmente o Coxiponés dispões de apenas um bolsista vinculado ao Programa de Bolsas de Extensão (PBEXT), o aluno do 4º semestre de Rádio e TV, Rafael Irineu. Porém, o professor Moacir não descarta a possibilidade de aumentar esse número para auxiliar na Mostra, já que o evento foi contemplado por edital do Banco da Amazônia e possui R$60 mil para desenvolvê-la.

O número de bolsista já foi maior. No início do “Cinematografando” havia 13 alunos envolvidos, pois o programa tinha sido contemplado por edital também. Com o fim da verba, que durou dois anos, o número de estudantes foi reduzido. Atualmente, o Cineclube Coxiponés busca outros editais para continuar fomentando o desenvolvimento, divulgação e discussão audiovisual no Estado, agregando cada vez mais alunos do curso de Rádio e TV da UFMT em seus projetos. 

GALERIA DE IMAGENS






sábado, 9 de maio de 2015

Chafariz se tornou criadouro de dengue na UFMT

NAIARA LEONOR
KARINA CABRAL

[Foto: Naiara Leonor]

A praça do Restaurante Universitário [RU] da Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT] pode ser um grande criadouro do mosquito da dengue na região do Coxipó. O chafariz, que está inutilizado, serve como uma grande piscina de acúmulo de água de chuva, cenário propício para o desenvolvimento do mosquito transmissor da dengue.


O chafariz é uma das obras de revitalização das áreas verdes do campus da UFMT/Cuiabá, realizadas para preparar a universidade para a Copa do Mundo de 2014. A água acumulada está quase no limite, e o local já é chamado pelos alunos de “piscininha da dengue”.

[Foto: Naiara Leonor]

Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados na última segunda-feira [04], Mato Grosso já registrou 6.434 casos de dengue, no período de 1º de janeiro a 18 de abril deste ano. O aumento de casos chega a 63% na comparação com o mesmo período de 2014. Cuiabá é um dos municípios com maior número de infectados, somando 432 casos diagnosticados.

A região Centro-Oeste ficou em segundo lugar em incidência da doença, perdendo apenas para o Sudeste, que contabilizou 575,3 casos para cada 100 mil habitantes.

O Diretório Central dos Estudantes [DCE] da UFMT declarou que já recebeu reclamações de alunos sobre a situação do chafariz e que entrará em contato com a Prefeitura do Campus para que o problema seja solucionado. O Diretório afirmou também que acredita que o dinheiro gasto para construir o chafariz, que não é utilizado, poderia ter sido direcionado a outras demandas da vivência dos alunos e comunidade externa, como a pista de skate e até mesmo uma concha acústica para apresentações artísticas. A entidade ainda reforçou que irá divulgar em sua página no facebook nota sobre o caso.

[Foto: Naiara Leonor]

A reportagem procurou também o gerente de manutenção do campus da UFMT/Cuiabá, Orlando Damásio, responsável pela coordenação de limpeza e manutenção das áreas verdes do campus, mas não conseguiu contato. A secretaria da Prefeitura do Campus informou que a denúncia deve ser encaminhada diretamente para a gerência, para que as providências quanto à limpeza e o escoamento da água sejam tomadas.

Trabalhadores divergem sobre PL da Terceirização

ALINE COELHO
ARILDO LEAL

Terceirização poderá aumentar
[Foto ilustrativa: Prosecurity]

Maria foi demitida do cargo de vendedora porque a dona da loja mudou de cidade. Ela se desesperou, pois já tinha mais de 50 anos e pouca experiência além dos anos na loja. Sem opções, há seis meses procurou emprego em uma empresa terceirizada de serviços gerais e pequenos reparos. Por precisar muito do dinheiro, Maria continua na vaga de auxiliar de serviços gerais.

“Eu ganho muito pouco em relação ao trabalho que faço. Sinto que ele é desumanizado e não sou valorizada. Por isso, muitas pessoas não ficam. Faço os serviços por oito horas ao dia e ganho cerca de R$ 500 por mês. Eles [os empregadores] pagam poucos direitos, não sei explicar, só olhando no holerite”, afirma a trabalhadora.

Maria faz parte dos 12 milhões de trabalhadores terceirizados de um universo de 45 milhões de contratados, e a incidência de terceirização poderá aumentar, caso o Projeto de Lei 4.330 seja aprovado e sancionado. Hoje, a terceirização de atividades-fins é considerada ilegal pela Justiça do Trabalho.

Já o encanador Wagner, 30, diz gostar do serviço que executa. “Trabalho há dois anos como encanador e há sete meses nessa empresa. O salário está bom, comparado ao mercado e em especial às indústrias, que era onde eu trabalhava antes”.

O trabalhador reforça que não tem do que reclamar. Acredita que a terceirização funcione em áreas com maior especialização de mão de obra, mas que as pessoas com baixa escolaridade são desvalorizadas.

O produtor cultural Demetrinho Arruda, acadêmico do 5º semestre de Jornalismo na UFMT, concorda que a terceirização pode ser uma boa para os trabalhadores. “Eu acho legal prestar serviço a quem dará o retorno que você espera. Hoje, com o modelo de carteira assinada, é preciso cortar o vínculo e esperar alguém te dar uma oportunidade, uma vaga para recomeçar”, explica.

Para o produtor cultural, o entendimento sobre a terceirização 
depende da forma como se encara essa prerrogativa 
[Foto: Aline Coelho]

Também acadêmica de Jornalismo da UFMT, Julia Oviedo [7° semestre] é totalmente contra a terceirização e exemplifica: “Um operador de telemarketing trabalha muito, ganha pouco e não está em sintonia com os princípios porque simplesmente ele não é da empresa”. 

 “A terceirização é ruim para quem faz e recebe o serviço”, afirma Júlia.
[Foto: Aline Coelho]

O PL que regulamenta a terceirização foi apresentado pelo deputado Sandro Mabel (então no PL, hoje PMDB). No momento, o Projeto de Lei está sob apreciação do Senado, após a aprovação, no mês passado [22.04], das emendas na Câmara dos Deputados, por 257 a 38, com 33 abstenções.

Clique aqui para acessar o texto integral da PL 4330.

Posicionamento da bancada de Mato Grosso
Com exceção do deputado Ságuas Morais [PT-MT], a bancada mato-grossense votou a favor do projeto. “Meu mandato e minha legenda fomos contra porque a terceirização, que reduz o salário do trabalhador [em média 27%, segundo o Dieese], será estendida para além das atividades-meio, como limpeza, serviços gerais e segurança, passando a abranger as atividades-fim”, declara o petista.

Já o deputado Nilson Leitão [PSDB-MT] comenta que ele e os demais deputados que votaram a favor receberam muitas reclamações pela postura via e-mail, Whatsapp e outras redes sociais. “A empresa terceirizada é gerida com a mesma competência que a principal, são os mesmos brasileiros e será melhor para o Brasil”, ameniza.

Para o Líder do PT na Câmara, Sibá Machado, a PL 4330 impede o crescimento profissional e aumenta a rotatividade dos trabalhadores. Fábio Garcia [PSB-MT] afirma, porém, que “não haverá prejuízos aos funcionários contratados”.

Caso o texto seja aprovado sem ementas no Senado, seguirá para a sanção presidencial. A presidenta Dilma Rousseff, por sua vez, tem declarado que “é preciso manter a diferença entre atividade-fim e atividade-meio”.

Pernilongos na UFMT: um ciclo que precisa ter fim

Praga presente no campus de Cuiabá incomoda quem o frequenta

JHENIFER HEINRICH
THAYANA BRUNO

Normalmente, é no verão que mais sofremos com os pequenos - e nada bem-quistos - pernilongos. Porém, na Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT] esses insetos não têm preferência de estação: o ano inteiro, incomodam alunos, professores e técnicos, além de não terem preconceitos com a noite ou o dia.

Para entendermos as razões pelas quais esse incômodo persiste no campus, alguns dados sobre a incidência da dengue em todo país, divulgados pelo Ministério da Saúde, podem auxiliar. Mato Grosso figura como destaque em uma alarmante estatística que revela o crescimento da doença em todo o território nacional: houve um aumento de 63% nos casos da doença. Já foram registradas 6.434 ocorrências em todo o Estado em 2015. Em 2014, o número apurado foi de 3.934 casos. Uma comparação entre as regiões coloca o Centro-Oeste como líder: são 560,7 casos para 100 mil habitantes, correspondendo a 85.340 registros no período de janeiro até metade de abril. Em todo o país, o número de contágio teve um aumento de 293%. 

Você pode conferir aqui aqui um comparativo dos números da dengue em todas as regiões do país em 2014 e 2015.




E qual a razão para a UFMT sofrer com a infestação dos bichinhos durante todo o ano, não apenas no período chuvoso? Precisamos tomar nota sobre eles: foi constatado pelo Comitê de Prevenção das Leishmanioses e pela Comissão de Controle de Dengue da UFMT que a universidade abriga dois tipos de pernilongos muito comuns, que possuem hábitos diferentes. O mais frequente é o tipo cúlex. Esse pernilongo costuma agir durante as noites, podendo também atacar ainda no início da manhã e já recomeçar as atividades no final da tarde. Além desses, o campus é infestado pelo tipo aedes aegypti, que tem hábitos diurnos. Por isso, quem frequenta os blocos da universidade não tem um momento sequer de sossego!

A bióloga e presidente da Comissão de Controle de Dengue da UFMT, Rosina Djunko Miyazaki, pesquisa esses insetos há mais de 10 anos. Ela afirma que nunca deixou de lado a pesquisa porque entende a importância do tema e o perigo que esses insetos representam para a vida dos seres humanos, além de animais domésticos e silvestres. Rosina atribui a grande incidência de pernilongos no campus de Cuiabá a diversos fatores. Um deles [e o mais grave] é o descuido das pessoas que frequentam a universidade em manter os locais limpos, desde vasos de plantas até o mais simples copo plástico jogado no chão. Porém há um fator natural presente nas extensões da UFMT, que são os bosques.

[Foto: Jhenifer Heinrich]

Os bosques abrigam esses insetos entre as folhas, nas copas ou bases das árvores, no nível do solo, no ambiente terrestre úmido, escuro, rico em matéria orgânica. Além desse fato, algumas espécies se adaptaram a ambientes peridomiciliares, ou seja, muito próximos aos blocos e até dentro deles.

[Foto: Jhenifer Heinrich]

A incidência das picadas se mantém durante todo o ano, pois a proliferação dos pernilongos também persiste em todas as estações em Cuiabá – apesar de ocorrer principalmente no verão –, em razão do clima quente e úmido, conforme a bióloga e pesquisadora Ana Lúcia Maria Ribeiro. Para acompanhar a evolução reprodutiva dos pernilongos e a incidência dos “estorvinhos voadores” em cada bloco, a pesquisa desenvolvida pelas professoras mantém pontos de armadilha em todo o campus. [Confira no gráfico]

[Fonte: Comissão de Controle da dengue da UFMT]

Os riscos que os pernilongos aedes aegypti e os cúlex, presentes na universidade, oferecem são grandes. O primeiro, caso o inseto esteja contaminado, provoca dengue e febre amarela urbana, e o segundo tipo pode gerar elefantíase e leishmaniose.

Cálculo rápido da proliferação
Uma pernilonga vive de 35 a 40 dias. A cada dois dias a fêmea coloca, em média, 100 ovos. Contando que eles podem resistir em local seco até um ano e meio após a pernilonga depositá-los, no final de sua vida uma fêmea pode gerar até dois mil novos pernilongos! O negócio é prevenir mesmo.


Instituto de Linguagens
[Fotos: Jhenifer Heinrich]

Confira aqui dicas para eliminar os mosquitos.

Você, que não sente os pernilongos, também corre risco!
Uma pesquisa realizada em janeiro deste ano quis saber de alunos, professores e técnicos da universidade, o quanto eles se sentiam incomodados com os mosquitos. Foram entrevistadas 142 pessoas que frequentam o campus há mais de um ano e meio. Elas foram abordadas em todos os blocos da universidade, inclusive na Biblioteca Central, Reitoria e RU [Restaurante Universitário].

Os dados obtidos foram os seguintes: 114 deles responderam que se incomodavam absurdamente, chegando a perder sua concentração; 25 responderam que se incomodavam um pouco com os insetos e não chegam a causar desconcentração; e apenas três responderam que não se incomodavam. Para essas três pessoas que nada sentem e as outras 25 que não se incomodam tanto, há uma explicação: os pernilongos preferem pessoas com o metabolismo acelerado. Além disso, não são todas as pessoas que apresentam reação alérgica, aquela "coceirinha". São as fêmeas que precisam do sangue para o desenvolvimento dos ovos, enquanto os machos se alimentam da seiva de plantas.           

Para reduzir a quantidade de pernilongos dentro da UFMT focos precisam ser eliminados. As calhas dos prédios precisam ser limpas semanalmente, a poda das árvores deve ser frequente, a eliminação de outros focos com água parada em material orgânico e limpeza do campus [que já é feita] precisa ser intensa. Mas o dono do sangue que os pernilongos adoram também necessita fazer a sua parte. É aquele papo de sempre, de todas as campanhas de conscientização. A gente precisa.

Saiba mais
Conheça os sintomas da dengue: https://www.youtube.com/watch?v=27OtKGDJjGQ

Outras doenças também podem ser transmitidas pelo aedes egypt, fique atento.

Saiba mais sobre a febre chikungunya:

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Estudantes da UFMT demonstram solidariedade aos professores do Paraná

ANA PAULA DOS SANTOS
BRUNA ULIANA

Cartaz exposto no Instituto de Linguagens da UFMT - Campus Cuiabá
[Foto: Ana Paula]
Um confronto entre professores manifestantes e policiais deixou mais de 100 feridos no último dia 30, em Curitiba. Desde então, o assunto ganhou grande repercussão em todo o Brasil. Em meio a boatos de greve, professores e alunos do campus da Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT] em Cuiabá se mostraram indignados com o ocorrido e solidários aos professores paranaenses.


“É direito do professor reivindicar melhores salários, assim como os docentes das universidades federais vão fazer agora”, opina Rafael Cancian, estudante do 5º semestre de Jornalismo da UFMT. Segundo ele, houve excessos e violência na forma como a manifestação foi contida pelos policiais. “É uma coisa inadmissível o professor, que pertence a uma classe de trabalhadores, ser tratado como um bandido, pior que bandido”.

Julia Oviedo e Rafael Cancian, estudantes de Jornalismo da UFMT/Cuiabá
[Foto: Bruna Uliana]
Julia Oviedo, também estudante de Jornalismo na UFMT, se diz indignada com a postura como a polícia lida com protestos de qualquer classe. “As manifestações, independente do viés que elas têm, partem da prerrogativa de que qualquer cidadão tem direito à liberdade de expressão e a reivindicar seus direitos. E quando se ataca principalmente os professores é ainda mais inadmissível, porque eles participam ativamente da formação da sociedade”, diz. A aluna também observa que há um despreparo do Estado em relação a essas questões e que a postura da polícia é um reflexo disso.


Os professores paranaenses estão em greve desde o dia 25 de abril e protestavam contra a ParanáPrevidência, projeto de lei que promove mudanças na previdência social dos servidores estaduais, aprovado em 29 de abril. No confronto do dia seguinte, os professores foram contidos com balas de borracha, bombas de efeito moral e ação de cães da PM, que agia sob ordens do governador Beto Richa (PSDB) e do secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Universidades federais iniciam paralisação no período de 25 a 29 de maio

O indicativo de greve dos docentes foi aprovado pela Andes-SN em reunião em 25 e 26 de maio

CILENE PARAVÁ RAMOS
THAYANA BRUNO

O encontro reuniu 37 seções sindicais do ANDES-SN na sede do Sindicato Nacional, em Brasília [DF]. Foram realizadas rodadas de assembleias gerais, cuja pauta foi o indicativo de greve dos docentes superiores. O indicativo foi aprovado, a paralisação inicial definida para o período de 25 a 29 de maio, mas novas assembleias regionais ainda serão necessárias para decidir as próximas medidas do movimento grevista, como a deflagração, de fato, da greve.

O movimento dos técnicos das instituições federais já havia aprovado seu indicativo de greve, e, com a decisão dos docentes, o movimento tende a se fortalecer. Segundo o técnico do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT], Rudy Flávio Abreu, talvez esse não seja o momento mais adequado para o início de negociações com o governo federal. Em um cenário político e econômico notadamente instável, Rudy acredita que muito pouco pode ser conquistado. “As reivindicações são mais do que legítimas, mas é preciso ter a compreensão de que após uma retomada da organização econômica, o poder de negociação poderá ser maior. É preciso saber o momento mais propício para se reivindicar”.

Rudy Flávio Abreu
[Foto: Cilene Ramos]
A última greve nacional, iniciada em 2012 e que seguiu até 2013, conquistou um aumento de 15% para os servidores, diluídos em três parcelas iguais durantes os anos seguintes e a última parcela foi concedida em janeiro deste ano. No entanto, as dificuldades vivenciadas por toda a comunidade acadêmica – como a falta de infraestrutura, carência de pessoal, incompatibilidade de planos de cargos e carreiras – foram muito pouco remediadas, na visão do professor do Departamento de Comunicação Social da UFMT, Diego Baraldi de Lima. O docente ressalta que “há elementos suficientes para uma greve, mas estamos no meio do semestre. No período da paralisação, estaremos a 40 dias do final do semestre. O momento escolhido é lamentável. Poderia ter acontecido no início ou, ainda, aguardar até julho.”

Visão que também é compartilhada por estudantes do curso de Comunicação Social da Federal de MT, os principais impactados por decisões tomadas alheias a uma consulta entre eles. A recente regularização do calendário [atrasado em razão da greve mencionada acima] vinha sendo comemorado pelos estudantes, mas a previsão de uma nova greve os deixa apreensivos. Em meio à elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso [TCC] e à organização das formalidades da própria formatura, ter pela frente uma greve com período indefinido é muito estressante, desabafa Emily Cassim, do 7° semestre de Jornalismo. Emily recorda que a última greve, que durou cerca de quatro meses, comprometeu um semestre inteiro [você pode relembrar as notícias da época aqui e aqui também].

[Foto: Reprodução]
Camila Cabral, também do 7º semestre de Jornalismo, entende que a causa seja justa, mas não acredita que melhorias para o curso venham sendo conseguidas com as paralisações. “No início do curso, não tínhamos professores de algumas disciplinas, faltavam equipamentos, técnicos e até computadores. A parte prática no nosso curso é muito importante. Se realmente alguma transformação nesse sentido acontecesse, seria ótimo, mas eles [os grevistas) precisam pensar na nossa situação também”.

Antes do início da paralisação, o mês de maio terá uma intensa programação de mobilizações do sindicato dos docentes federais, cujo calendário pode ser consultado no site da ANDES-SN, através deste link. 

As decisões e ações dos docentes da UFMT podem ser acompanhadas através do site da Adufmat [Associação dos docentes da Universidade Federal de Mato Grosso] ou pela página no facebook 

Alunos de Geologia da UFMT anunciam fim da greve estudantil

ANA PAULA DOS SANTOS
BRUNA ULIANA

Os alunos de Geologia da UFMT anunciaram, na última quarta-feira [29/04], o fim da greve estudantil que já durava 20 dias. A decisão ocorreu após uma reunião entre estudantes, professores, a reitora Maria Lúcia Cavalli, representantes da PRAE [Pró-Reitoria de Assistência Estudantil] e da PROEG [Pró-Reitoria de Ensino de Graduação], na terça-feira [28].

                 [Fonte: CEMATEGE]            
Entre as demandas dos alunos estão a manutenção das vagas de professores aposentados, a aquisição de material bibliográfico adequado e atualizado, a manutenção dos laboratórios, melhorias no espaço físico do bloco, o reajuste das diárias de campo e a criação do Instituto de Geociências.

O aluno Victor Rodrigues Oliveira, do 4º ano, conta que os laboratórios estão defasados e com muitos equipamentos quebrados. “Eu estou na UFMT há cinco anos e, desde que entrei, os laboratórios são os mesmos, não tiveram nenhuma melhoria. Tem máquina que está quebrada, e a gente tem que mandar amostras para Brasília ou Manaus para análise. Isso porque aqui têm laboratórios, mas estão quebrados e ultrapassados”.

[Fonte: CEMATEGE]
O curso de Geologia, que existe há 40 anos, pertence ao Instituto de Ciências Exatas e da Terra [ICET], que abrange também os cursos de Estatística, Matemática e Química. Os estudantes lutam, desde 2012, pela criação do Instituto de Geociências, que traria uma reestruturação administrativa para o curso, viabilizando, assim, maior autonomia. “O Instituto de Geociências era uma das propostas da reitora desde a última eleição, e tiraria a Geologia do ICET, colocando-a num instituto próprio”, conta Victor.

A estudante e presidente do Centro Mato-grossense de Estudos Geológicos [CEMATEGE], Valéria Schmidt, explica que nem todas as demandas foram atendidas, mas que a greve serviu para que os estudantes compreendessem melhor a situação do curso e como cobrar melhorias de uma maneira mais eficaz. “Nós estávamos em um mar de desconhecimento, e agora a gente tem um pouco de noção do que está acontecendo. Por isso, a gente decidiu suspender a greve e transformá-la em um movimento constante de luta, de acompanhamento. Tanto no que diz respeito a cobrar e participar do plano pedagógico do curso, quanto na busca por melhorias”.


Após a reunião entre os estudantes e a reitora Maria Lúcia Cavalli, ficou decidido que professores substitutos serão contratados ainda neste semestre. A reitora também garantiu que providenciará os recursos necessários para a criação do Instituto de Geociências até o final do seu mandato.

Programação alternativa durante a greve
No transcorrer da greve estudantil, os estudantes organizaram uma série de atividades no bloco da FAET [Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia], que incluíam as assembleias gerais dos estudantes e a exibição diária de documentários com temáticas geológicas e de ciências afins. Palestras ministradas por professores sobre temas relacionados ao curso também foram oferecidas, além de minicursos de Introdução ao Geoprocessamento, Bússola, Introdução ao Corel Draw, Perfis e Mapas Geológicos, Sondagem, dentre outros.

               [Fonte: CEMATEGE]