quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

No primeiro mês da 'Pátria Educadora', Dilma ainda não conquistou os brasileiros envolvidos com a educação

Ano de 2015 deve ser complicado para os brasileiros

CARLOS HENRIQUE ANDRÉ FAUST

Com um pouco mais de um mês de governo - de seu segundo mandato -, a presidente Dilma Rousseff tem acumulado problemas. No meio dessa tempestade de dificuldades que 2015 trouxe estão os casos de corrupção da Petrobrás, aumentos nos preços da gasolina, provável baixo crescimento e inflação alta.


A Educação, que foi escolhida como prioridade neste segundo mandato, virou, inclusive, lema: "Brasil, pátria educadora". A área, porém, está longe de navegar em águas tranquilas. Uma semana após a posse, a presidente Dilma decretou um corte de gastos de R$ 27 bilhões nos ministérios, e a pasta mais afetada foi justamente a da Educação. No MEC, a contenção deve chegar a R$ 7 bilhões. Anunciado como cortes de despesas de custeio para a manutenção do governo, esse montante compreende, além da verba para segurança patrimonial, dinheiro para a compra de material e manutenção dos equipamentos, problemas apontados como sérios em cursos de graduação em universidades federais.

Para a estudante universitária da Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT], Marília Vieira, 21, essa medida vai justamente contra o lema anunciado pela presidente. “ [O corte] afeta diretamente o aluno. Ele significa diminuição no repasse do material didático, que já é insuficiente”, afirma a jovem. Classificada como “redução preventiva” pelo ministro do Planejamento Nelson Barbosa, a diminuição dos gastos faz parte do projeto do novo governo para tentar recolocar a economia nos eixos. Para Marília, porém, “cortes para ajustar a economia em saúde e educação são absurdos”. Ela finaliza dizendo que a principal dificuldade da presidente será “estabelecer o que é, de fato, prioridade”. 

A professora Dra. Maria das Dores Patatas está em posição privilegiada dentro do Instituto de Linguagens [IL] para comentar o primeiro mês da educação deste segundo mandato, uma vez que acumula o cargo administrativo de chefe do Instituto. Antes de começarmos de fato a entrevista, quando explicamos o tema da matéria, ela nos resumiu sua opinião: “Ela fez zero, nada”.

A professora Patatas desconfia do governo Dilma
[Foto: André Faust]
Segunda Patatas, desde o início de seu mandato a Universidade vem sofrendo serias perdas. O IL, que antes contava com dois guardas patrimoniais, hoje depende de um único funcionário, que é responsável também por todos os prédios mais próximos. Como exemplo do problema, ela aponta o arrombamento que a sala do Departamento de Comunicação Social sofreu no final do ano passado.


Quem já sentiu mudanças no primeiro mês do segundo mandato foi o servidor Bruno Márcio Espidola. Ele afirma que o almoxarifado da universidade está “secando”, pela falta de aquisição de materiais, ao ponto de se considerar um racionamento de impressões, o que pode tornar a burocracia da Universidade ainda mais lenta e forçar os professores a arcarem com os custos das atividades.

Quanto à situação dos próprios servidores, Bruno também aponta que a perspectiva atual é de mais greve para o próximo ano, uma vez que o reajuste salarial, atrasado a quase uma década e prometido para março, é mais baixo que a inflação do ano passado.

Este ano promete ser conturbado para todos, inclusive para a presidente. Para os brasileiros, inflação, aumento do desemprego e dos preços devem se fazer presentes. Um dos maiores empecilhos para o transcorrer do novo quadriênio deve ser o congresso, já que Eduardo Cunha [PMDB/RJ] foi eleito presidente da Câmara dos Deputados [com mandato em 2015 e 2016], e promete forte oposição ao governo.

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