Ano de 2015 deve ser complicado para os brasileiros
CARLOS HENRIQUE ANDRÉ FAUST
Com um pouco mais de um mês de governo - de seu segundo mandato -, a presidente Dilma Rousseff tem acumulado problemas. No meio dessa tempestade de dificuldades que 2015 trouxe estão os casos de corrupção da Petrobrás, aumentos nos preços da gasolina, provável baixo crescimento e inflação alta.
A Educação, que foi
escolhida como prioridade neste segundo mandato, virou, inclusive, lema: "Brasil,
pátria educadora". A área, porém, está longe de navegar em águas tranquilas. Uma
semana após a posse, a presidente Dilma decretou um corte de gastos de R$ 27 bilhões nos ministérios, e a pasta mais afetada foi justamente a da Educação.
No MEC, a contenção deve chegar a R$ 7 bilhões. Anunciado como cortes de despesas de custeio para a manutenção do governo, esse montante compreende, além da verba para segurança patrimonial, dinheiro para a compra de material e manutenção dos equipamentos, problemas apontados como sérios em cursos de graduação em universidades federais.
Para a estudante
universitária da Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT], Marília Vieira, 21, essa medida vai justamente contra
o lema anunciado pela presidente. “ [O corte] afeta diretamente o aluno. Ele significa diminuição no repasse do material didático, que já é insuficiente”,
afirma a jovem. Classificada como “redução preventiva” pelo ministro do
Planejamento Nelson Barbosa, a diminuição dos gastos faz parte do projeto do
novo governo para tentar recolocar a economia nos eixos. Para Marília, porém, “cortes
para ajustar a economia em saúde e educação são absurdos”. Ela finaliza dizendo
que a principal dificuldade da presidente será “estabelecer o que é, de fato,
prioridade”.
A professora Dra. Maria das Dores Patatas está em posição
privilegiada dentro do Instituto de Linguagens [IL] para comentar o primeiro
mês da educação deste segundo mandato, uma vez que acumula o cargo
administrativo de chefe do Instituto. Antes de começarmos de fato a entrevista,
quando explicamos o tema da matéria, ela nos resumiu sua opinião: “Ela fez zero,
nada”.
Segunda Patatas, desde o início de seu mandato a Universidade vem sofrendo serias perdas. O IL, que antes contava com dois guardas patrimoniais, hoje depende de um único funcionário, que é responsável também por todos os prédios mais próximos. Como exemplo do problema, ela aponta o arrombamento que a sala do Departamento de Comunicação Social sofreu no final do ano passado.
A professora Patatas desconfia do governo Dilma [Foto: André Faust] |
Quem já sentiu mudanças no primeiro mês do segundo mandato foi
o servidor Bruno Márcio Espidola. Ele afirma que o almoxarifado da universidade
está “secando”, pela falta de aquisição de materiais, ao ponto de se considerar um racionamento de impressões, o que pode tornar a burocracia da Universidade
ainda mais lenta e forçar os professores a arcarem com os custos das
atividades.
Quanto à situação dos próprios servidores, Bruno também
aponta que a perspectiva atual é de mais greve para o próximo ano, uma vez que
o reajuste salarial, atrasado a quase uma década e prometido para março, é mais
baixo que a inflação do ano passado.
Este ano promete ser
conturbado para todos, inclusive para a presidente. Para os brasileiros, inflação,
aumento do desemprego e dos preços devem se fazer presentes. Um dos
maiores empecilhos para o transcorrer do novo quadriênio deve ser o congresso, já que Eduardo Cunha [PMDB/RJ] foi eleito presidente da Câmara dos Deputados [com mandato em 2015 e 2016], e promete forte oposição ao governo.
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