quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Inocência perdida

Crianças e adolescentes presentes no funk apresentam conteúdos sexuais em letras e danças

EDUARDO MAFRA

Não existe ritmo mais controverso atualmente no país do que o funk. Conhecido por suas letras escancaradas e por seu ritmo contagiante, o ritmo saiu dos morros do Rio de Janeiro e tomou conta do país há algumas décadas. Muitos torcem o nariz. Outros adoram e consideram a representação da verdadeira favela. No entanto, é claramente perceptível a presença de menores de idade dentro de tal universo musical considerado ofensivo, sexual e violento.

Após muitas polêmicas nos anos 2000, pelas leis que visavam a segurança das crianças em trabalhos artísticos, o assunto veio à tona, e o debate é o quão prejudicial são a sexualidade e a violência para o menor de idade presente no showbiz.

Famosas por suas danças, o Bonde das Maravilhas ganhou destaque entre os internautas, depois de seus vídeos coreografando funks do momento serem divulgados na internet. Dançando músicas com letras explicitas, as garotas lançaram o famoso passo 'quadradinho de oito', que consiste em um requebrado diferenciado feito de pernas para o ar. Além das letras e coreografias exageradas, a idade das meninas também chamava a atenção. As meninas tinham de 13 a 20 anos. Para apimentar ainda mais o debate, após o grupo entrar na mira no Ministério Público, o grupo sofreu alterações após duas das integrantes mais jovens engravidarem. 

Bonde das Maravilhas: integrantes menores de 18 anos fazendo danças com conotações sexuais
[Foto: www.google.com]

Outra sensação controversa do funk é MC Pedrinho. O garoto de apenas 12 anos é a grande aposta do funk paulista. Suas letras são explicitas e citam o sexo frequentemente. Com roupas e comportamento que exaltam o sexo e o uso de drogas, MC Pedrinho realiza seus shows pelo país e conquista muitos fãs, chegando a ganhar R$ 5 mil por apresentação. O tom pesado de suas letras [suas músicas são de composição própria] deixa a mãe, a doméstica Analee Maia, preocupada, fazendo com que o garoto pense em seguir para a vertente do funk chamada ostentação, na qual se exaltam bens materiais e dinheiro.

MC Pedrinho: com apenas 12 anos, garoto fatura alto com apresentação, cantando letras de conotação sexual
[Foto: www.google.com.br]

Mesmo sendo uma geração que cresceu descendo na boquinha da garrafa, com Carla Perez usando minúsculos shorts e valorizando a sensualidade, muitos jovens são contra a utilização de menores de idade para a interpretação de tais músicas. Segundo a estudante Joice Moraes, os menores dentro do funk é nocivo para a criação dos mesmos. “Acho um absurdo. Não só nas músicas com duplo sentido, mas na presença dos menores nos bailes. Essas crianças perdem uma época preciosa da vida”, diz Joice.

No entanto, na visão da estudante Julia Oviedo, tais crianças e adolescentes são expostos a esse comportamento, pois é a realidade em que eles convivem. Julia também pontua que esses jovens não têm tanto contato com alguns ritmos que talvez sejam mais apropriados. “A Bossa Nova, que é um ritmo carioca, acaba não subindo o morro”, diz a estudante.

Para ouvir a música do Bonde das Maravilhas, clique aqui. Ouça também um dos sucessos de MC Pedrinho.

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