quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Discussão entre Bolsonaro e Maria do Rosário ainda gera efeitos

JULIA OVIEDO


A polêmica envolvendo os deputados federais Jair Bolsonaro [PP-RJ] e Maria do Rosário [PT-RS] ainda é assunto cotidiano na mídia. Na tarde da última quarta-feira [17], o político divulgou nota em sua página no Facebook em que afirma que jamais pedirá desculpas a Maria do Rosário por uma questão ideológica, e não de gênero.


O deputado fez questão de lembrar que é autor do Projeto de Lei 5398/2013, que aumenta a pena para crimes de estupro e propõe tratamento químico voluntário para inibição do apetite sexual. Para ler o documento na íntegra, clique aqui.

Jair Bolsonaro foi reeleito para mais quatro anos no Congresso Nacional. 
Ele foi o deputado federal mais votado do RJ com mais de 464 mil votos.
[Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados]
Já Maria do Rosário protocolou na última terça-feira [16] queixa-crime contra o político no Supremo Tribunal Federal [STF]. Na ação, a deputada afirma que foi vítima de injúria, calúnia e difamação. Além disso, o Conselho de Ética da Câmara instaurou processo disciplinar contra Bolsonaro, após requerimento dos partidos PT, PC do B, PSB e PSOL. Todos pedem a cassação do político por quebra de decoro parlamentar.

Apesar de ser favorável a algumas ideias de Bolsonaro, a exemplo da redução da maioridade penal, a estudante do 5º semestre de Jornalismo da UFMT, Jhenifer Heinrich, condena a postura dos dois deputados. “O Bolsonaro não precisava ter levantado a discussão novamente de algo que aconteceu em 2003. De fato, ele exagerou, e Maria do Rosário foi infeliz em sua colocação”, destacou a estudante.

Para o graduando do 6º semestre de Publicidade, João Carlos Fincatto Filho, a discussão entre os dois deputados é desnecessária, mas se posiciona completamente contrário a Jair Bolsonaro. “De acordo com o que penso, sou obrigado a abominar um cara que defende o regime militar, a ditadura e uma série de medidas ultraconservadoras. Eu acho que ele é um retrocesso para nosso país”.

ENTENDA O CASO

A polêmica envolvendo os parlamentares teve início em 2003, quando Bolsonaro concedeu uma entrevista à Rede TV em que se posicionava a favor da redução da maioridade penal, tendo como base o caso Liana e Felipe, casal assassinado pelo menor de idade Champinha, no mesmo ano.

Na ocasião, Maria do Rosário afirmou que o deputado promovia esse tipo de acontecimento, e ele, por sua vez, entendeu que a deputada o estava chamando de estuprador. Daí surgiu a polêmica frase “jamais estupraria você, porque você não merece”. Assista aqui à discussão, ainda em 2003.

Maria do Rosário também ganhou o direito de ficar mais quatro anos na Câmara
[Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados]
Em sessão plenária no dia 9 de dezembro deste ano, Maria do Rosário criticou o regime militar e o classificou como “vergonha absoluta”. Bolsonaro foi à tribuna e a deputada deixou a plenária. Neste momento, o parlamentar lembrou as ofensas de 2003.

"Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir", disse Bolsonaro. Assista aqui ao discurso do deputado na Câmara. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário