domingo, 8 de fevereiro de 2015

Legado x Mentira

De 56 obras propostas para serem concluídas antes da Copa do Mundo, mais de 30 deixaram de ser entregues

EMILLY CASSIM

É dia 31 de maio de 2009. As pessoas estão ansiosas pelo anúncio das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, afinal, não é todo dia que um evento desse porte pode estar tão próximo de casa. Felicidade, euforia, esperança, são os sentimentos que vieram à tona para todos os cuiabanos que presenciaram a escolha de Cuiabá para receber os jogos. Para muitos, essa não era somente uma oportunidade de poder ver de perto astros do futebol de outros países, mas, acima disso, poder presenciar o progresso chegar, melhorias na infraestrutura, na saúde, no transporte. Surgiriam novas possibilidades de emprego, enfim, a situação era de tamanha prosperidade. De início, foram previstas 56 obras de intervenção urbana.

A cada novo dia, o cuiabano levantava na esperança de, ao sair de casa, se deparar com as novas construções, com as ruas se multiplicando, VLT transitando. Porém, quanto mais se aproximava o dia 12 de junho de 2014, o sentimento passava a se transformar em desespero, já que muitas obras não estavam sendo concluídas na data prevista.

Cuiabanos são elogiados por hospitalidade 
Chegado o dia da Copa, cuiabano e visitante presenciaram uma Cuiabá cheia de buracos, obras sendo realizadas, trânsito complicado, entre outros problemas. Mas o povo daqui fez a sua parte. Segundo pesquisa feita pela Secopa [Secretária Extraordinária da Copa do Mundo], 89% dos entrevistados [pessoas que vieram de outro país ou de outra localidade do Brasil] disseram que o fator mais lembrado seria a hospitalidade.

Obras de ampliação e melhoria do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande.
A área de estacionamento foi entregue, mas o novo terminal, em funcionamento para desembarque, não está concluído.
[Foto: www.g1.globo.com]

Os legados[?] da Copa
Seis meses após o fim do evento, ainda se veem obras inacabadas, embargadas ou tendo que ser refeitas. A famosa Arena Pantanal, que ficou conhecida por ser sustentável, deixou a desejar e chegou a ser interditada para reparos. No local, foram encontrados pontos de alagamento e infiltrações, sem contar problemas com a rede elétrica. 

Em pesquisa realizada pela Secretaria de Aviação Civil [SAC], o aeroporto da cidade foi eleito recentemente como o pior do país, entre as capitais, na opinião dos passageiros. O terminal aéreo, que deveria ter ficado pronto antes da Copa, está com as obras paradas. Fato este que tem gerado muita reclamação dos usuários: em dias de chuva, enfrentam as goteiras e infiltrações nas salas de embarque; já nos dias de calor, o ar condicionado não é suficiente para atender a demanda. 

Esses são apenas alguns exemplos. Existem ainda o centro de treinamento, que não foi concluído e já não tem grande utilidade; as trincheiras inacabadas, que precisam de reparos; ruas que ficaram esburacadas, entre outros problemas.

A fim de registrar a opinião dos cuiabanos, foram ouvidos dois moradores que presenciaram todo esse processo, buscando saber se a Copa teria deixado um legado a ser enaltecido ou mentiras e falhas. Nos três casos, os pontos ruins foram colocados acima dos bons.




Do “pacote” previsto de 56 obras a serem realizadas, mais de 30 não conseguiram ser entregues a tempo. Ainda nesse pacote, de 15 obras de mobilidade urbana, pelo menos 12 apresentam irregularidades graves.

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