De 56 obras propostas para serem concluídas antes da Copa do Mundo, mais de 30 deixaram de ser entregues
EMILLY CASSIM
É dia 31 de maio de
2009. As pessoas estão ansiosas pelo anúncio das cidades-sede da Copa do
Mundo de 2014, afinal, não é todo dia que um evento desse porte pode estar tão
próximo de casa. Felicidade, euforia, esperança, são os sentimentos que vieram à
tona para todos os cuiabanos que presenciaram a escolha de Cuiabá para receber
os jogos. Para muitos, essa não era somente uma oportunidade de poder ver de
perto astros do futebol de outros países, mas, acima disso, poder presenciar o
progresso chegar, melhorias na infraestrutura, na saúde, no transporte. Surgiriam novas possibilidades de emprego, enfim, a situação era de tamanha
prosperidade. De início, foram previstas 56 obras de intervenção urbana.
A cada novo dia, o
cuiabano levantava na esperança de, ao sair de casa, se deparar com as novas
construções, com as ruas se multiplicando, VLT transitando. Porém, quanto mais se
aproximava o dia 12 de junho de 2014, o sentimento passava a se transformar
em desespero, já que muitas obras não estavam sendo concluídas na data
prevista.
Cuiabanos são elogiados por hospitalidade
Chegado o dia da Copa, cuiabano e visitante presenciaram uma Cuiabá cheia de buracos, obras sendo
realizadas, trânsito complicado, entre outros problemas. Mas o povo daqui fez a sua
parte. Segundo pesquisa feita pela Secopa [Secretária Extraordinária da Copa do
Mundo], 89% dos entrevistados [pessoas que vieram de outro país ou de outra
localidade do Brasil] disseram que o fator mais lembrado seria a hospitalidade.
Os legados[?] da Copa
Seis meses após o fim do
evento, ainda se veem obras inacabadas, embargadas ou tendo que ser refeitas.
A famosa Arena Pantanal, que ficou conhecida por ser sustentável, deixou a
desejar e chegou a ser interditada para reparos. No local, foram encontrados
pontos de alagamento e infiltrações, sem contar problemas com a rede elétrica.
Em pesquisa realizada pela Secretaria de Aviação Civil [SAC], o aeroporto da cidade foi eleito recentemente como o pior do país, entre as capitais, na opinião
dos passageiros. O terminal aéreo, que deveria ter ficado pronto antes da
Copa, está com as obras paradas. Fato este que tem gerado muita reclamação dos
usuários: em dias de chuva, enfrentam as goteiras e infiltrações nas salas de
embarque; já nos dias de calor, o ar condicionado não é suficiente para atender
a demanda.
Esses são apenas alguns exemplos. Existem ainda o centro de
treinamento, que não foi concluído e já não tem grande utilidade; as
trincheiras inacabadas, que precisam de reparos; ruas que ficaram esburacadas,
entre outros problemas.
A fim de registrar a
opinião dos cuiabanos, foram ouvidos dois moradores que presenciaram todo esse
processo, buscando saber se a Copa teria deixado um legado a ser enaltecido ou
mentiras e falhas. Nos três casos, os pontos ruins foram colocados acima dos bons.
Do “pacote” previsto de
56 obras a serem realizadas, mais de 30 não conseguiram ser entregues a tempo.
Ainda nesse pacote, de 15 obras de mobilidade urbana, pelo menos 12 apresentam
irregularidades graves.
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