domingo, 2 de novembro de 2014

Historias da ditadura marcam a mesa de encerramento da Alcar Centro-Oeste

ANDRÉ FAUST

A mesa de encerramento do 2º Encontro Centro-Oeste de História da Mídia, que este ano tratou dos 50 anos do golpe militar, teve sua composição dividida entre professores da Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT], os professores palestrantes convidados, Dra. Rosana Schwartz [PUC/Mackenzie] e Dr. Sergio Mattos [UFRB], e a presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores da Historia da Mídia [Alcar], Dra. Maria Berenice Machado [UFRGS]. O debate teve como ponto de discussão uma pergunta inusitada: “Qual foi sua relação com a Ditadura Militar?”

Sem qualquer censura, os professores, um a um, contaram sobre suas experiências no período militar. O professor Thiago Cury, da UFMT, o mais jovem participante da mesa, criticou a falta de participação de seus pais no período militar, como se alienados à grandiosidade do problema. Aproveitando essa deixa, o professor doutor Sergio Mattos contou, com muito bom humor, sobre sua juventude revolucionária com os grupos artísticos da Bahia e de como seu pai, pró-americano e aparentemente alienado, sempre agiu de forma pontual para afastá-lo dos momentos mais críticos dos conflitos com os militares, poupando-o de muitos problemas que seus colegas de turma tiveram com a ditadura.

Alcar Centro-Oeste encerra apresentando a relação de alguns professores com a ditadura
[Foto: André Faust - 6° semestre/JOR
]

O professor doutor Pedro Pinto, da UFMT, e a professora doutora Maria Berenice comentaram sobre a infância na ditadura militar. Ele, no meio de seus irmãos mais velhos, que faziam parte do meio artístico do Rio de Janeiro, ouvindo sobre colegas desaparecidos, fugidos, sem realmente entender o significado disso na época. Ela, filha de militar, tendo uma criação conservadora, às vezes até mesmo fascista. E de como, ambos, mudaram sua participação no período da faculdade, quando o professor passou a fazer parte dos protestos e sentir a força dos cassetetes da policia militar. A professora, por sua vez, deixou de lado a cultura de sua família para também integrar as manifestações populares.

Assim, com leveza, todos contaram suas histórias para encerrar o evento na UFMT. Ao falar sobre a sua infância e juventude, a professora doutora Rosana Schwartz, que trouxe para o evento o trabalho de seus alunos sobre a tortura de mulheres no período militar, pontuou a importância dessas histórias contadas, ao dizer que “quando os alunos nos procuram com um tema como esse é porque sabem que temos uma trajetória”.

O aluno de Comunicação Social, Bruno Lopes, avaliou que as historias contadas enriquecem o aprendizado dos estudantes como comunicadores, uma vez que os fatos narrados são partes de momentos marcantes para a mídia brasileira. Mas lamentou que nem todos os alunos puderam aproveitar essa oportunidade.

As organizadoras do evento, Débora Tavares e Marluce Scallope, professoras do Departamento de Comunicação Social, fizeram um balanço da Alcar Centro-Oeste:



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