ANDRÉ FAUST
A mesa de encerramento do 2º Encontro
Centro-Oeste de História da Mídia, que este ano tratou dos 50 anos do golpe
militar, teve sua composição dividida entre professores da Universidade Federal de Mato Grosso [UFMT], os
professores palestrantes convidados, Dra. Rosana Schwartz [PUC/Mackenzie]
e Dr. Sergio Mattos [UFRB], e a presidente
da Associação Brasileira de Pesquisadores
da Historia da Mídia [Alcar], Dra. Maria Berenice Machado [UFRGS]. O debate teve como ponto de discussão uma pergunta inusitada:
“Qual foi sua relação com a Ditadura Militar?”
Sem qualquer censura, os professores, um a um, contaram sobre suas
experiências no período militar. O professor Thiago Cury, da UFMT, o mais jovem
participante da mesa, criticou a falta de participação de seus pais no período
militar, como se alienados à grandiosidade do problema. Aproveitando essa
deixa, o professor doutor Sergio Mattos contou, com muito bom humor, sobre sua
juventude revolucionária com os grupos artísticos da Bahia e de como seu pai,
pró-americano e aparentemente alienado, sempre agiu de forma pontual para afastá-lo
dos momentos mais críticos dos conflitos com os militares, poupando-o de muitos
problemas que seus colegas de turma tiveram com a ditadura.
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Alcar Centro-Oeste encerra apresentando a relação de alguns professores com a ditadura [Foto: André Faust - 6° semestre/JOR] |
O professor doutor Pedro Pinto, da UFMT, e a professora doutora Maria
Berenice comentaram sobre a infância na ditadura militar. Ele, no meio de seus
irmãos mais velhos, que faziam parte do meio artístico do Rio de Janeiro,
ouvindo sobre colegas desaparecidos, fugidos, sem realmente entender o
significado disso na época. Ela, filha de militar, tendo uma criação conservadora,
às vezes até mesmo fascista. E de como, ambos, mudaram sua participação no período
da faculdade, quando o professor passou a fazer parte dos protestos e sentir a
força dos cassetetes da policia militar. A professora, por sua vez, deixou de
lado a cultura de sua família para também integrar as manifestações populares.
Assim, com leveza, todos contaram suas histórias para encerrar o evento
na UFMT. Ao falar sobre a sua infância e juventude, a professora doutora Rosana
Schwartz, que trouxe para o evento o trabalho de seus alunos sobre a tortura de
mulheres no período militar, pontuou a importância dessas histórias contadas,
ao dizer que “quando os alunos nos procuram com um tema como esse é porque
sabem que temos uma trajetória”.
O aluno de Comunicação Social, Bruno Lopes, avaliou que as historias
contadas enriquecem o aprendizado dos estudantes como comunicadores, uma vez
que os fatos narrados são partes de momentos marcantes para a mídia brasileira.
Mas lamentou que nem todos os alunos puderam aproveitar essa oportunidade.
As organizadoras do evento, Débora Tavares e Marluce Scallope, professoras do Departamento de Comunicação Social, fizeram um balanço da Alcar Centro-Oeste:
As organizadoras do evento, Débora Tavares e Marluce Scallope, professoras do Departamento de Comunicação Social, fizeram um balanço da Alcar Centro-Oeste:
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