CARLOS HENRIQUE, CARLOS EDUARDO
A Universidade
Federal de Mato Grosso [UFMT] sediou, na última semana, o 2º Encontro
Centro-Oeste de História da Mídia [Alcar]. O evento aconteceu nos dias 30 e
31 de outubro e contou com a exposição de documentários, GT’s, palestras e
debates sobre os 50 anos do Golpe Militar
no Brasil. As atividades foram realizadas no Auditório do Instituto de
Linguagens [IL] da UFMT.
A palestra que marcou o encerramento do
evento abordou o tema Mulheres no inferno
da ditadura: mídia, memória e história. A atividade foi ministrada pela
professora Rosana Schwartz [PUC/Mackenzie] e mediada pelo professor de
Jornalismo da UFMT, Thiago Cury. O objetivo foi mostrar a violência, cometida
durante a ditadura militar, contra as mulheres. Ainda no decorrer da atividade,
história política, relações de classes e machismo foram discutidos.
No slide, ilustração que retrata diferentes formas de tortura sofridas por mulheres [Foto: Divulgação ALCAR] |
Na palestra, a pesquisadora apresentou e
comentou trechos do Trabalho de Conclusão de Curso [TCC] desenvolvido pelos
formandos em Jornalismo, Diego da Silva Moura, Murilo Pissoli Chamusca e Thiago
Sichieroli Almeida, da Universidade Presbiteriana Mackenzie [2013]. O trabalho
foi concebido no formato de livro-reportagem e leva o título Não foram só as unhas: as mulheres no
inferno da ditadura. Com a presença de fortes depoimentos de mulheres que
sofreram tortura física e psicológica durante o período, o trabalho, que foi
anexado aos relatórios da Comissão Nacional da
Verdade [CNV], teve o objetivo de cobrir historicamente uma parte do
período pouco explorada: a violência praticada contra o gênero feminino.
A professora Rosana, orientadora do
trabalho, comentou que considera fundamental esse tipo de pesquisa “para que a
gente conheça diversas verdades”. Além disso, “essa linha temática deveria ser
mais aprofundada porque são poucos trabalhos que abordam diretamente essa
questão”, complementa.
Prof. Rosana veio de São Paulo para debater a violência contra a mulher nos tempos da ditadura [Foto: Carlos Henrique - 6° semestre/JOR] |
Destacando a importância do TCC
desenvolvido pelos três alunos, a pesquisadora colocou que o trabalho foi
pioneiro por levar em consideração a CNV, que, até então, não tinha nenhuma
linha de investigação em relação à mulher. Sobre a escolha da temática, a
professora revela: “Eu deixo o aluno construir o conhecimento”. Por isso, ela
não interferiu na autonomia dos discentes. Rosana finalizou, afirmando que
“eles [estudantes] se despiram de suas posições políticas para compreender o ponto
principal que era a tortura de gênero”.
Segundo
o mediador da palestra, professor Thiago Cury, é importante o debate segmentado
sobre esse período da história brasileira. Para ele, quando generalizado, o
assunto tende a ficar mais brando. Thiago frisou ainda que é importante
valorizar a discussão pelo fato de que, assim, é possível se conscientizar
melhor, para que esse tipo de violência não aconteça mais.
A
estudante de Radialismo, Ana Carulina Roelis, confessou que ficou tocada com a
temática. “Foi muito importante, não só como estudante, mas como mulher, porque
eu tinha conhecimento sobre a presença das mulheres, mas não sabia o quanto
tinham sofrido”, disse a jovem. Segundo Ana, a palestra despertou uma vontade
de pesquisar melhor sobre o assunto, e ainda a fez refletir sobre nosso momento
político atual. “Tenho a preocupação de um dia tudo voltar a ser como era”,
comenta. “Sou mulher e me coloquei no lugar delas, que sofreram”, finalizou.
O público compareceu em bom número para a última conferência da Alcar Centro-Oeste [Foto: Carlos Henrique - 6° semestre/JOR] |
A CNV foi criada pela Lei
12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. A Comissão foi idealizada
com o intuito de apurar violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de
setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, período que inclui a Ditadura Militar [1964-1985].
A CNV terá prazo até 16 de dezembro de 2014 e é composta pelos seguintes
integrantes: José Carlos Dias [advogado criminalista]; José Paulo Cavalcanti
Filho [jurista]; Maria Rita Kehl [psicanalista]; Paulo Sérgio Pinheiro [cientista
político]; Rosa Maria Cardoso [advogada] e Pedro Dallari [advogado].
A
Alcar aconteceu nos dias 30 e 31 de outubro de 2014, no Auditório do IL da
UFMT. O evento foi promovido pela Associação
Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia, em parceria com o
Departamento de Comunicação Social da UFMT, e foi voltado para acadêmicos,
pesquisadores e professores das áreas de Comunicação Social, História e Letras.
A temática do encontro, este ano, foram os 50 anos do Golpe Militar no Brasil.
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