domingo, 13 de março de 2016

PMDB se reúne com membros do PSDB para discutir o cenário atual do Governo

Entre café da manhã e jantar, temos uma dança de cadeiras

DEODATO RAFAEL
JONY CÉSAR

Na última quarta-feira (09), o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) tomou uma posição ambígua: pela manhã, membros do partido tomaram um “café da manhã” com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à noite se reuniram com membros do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) para um jantar. Afinal, o PMDB é situação ou oposição ao governo?


Na última semana, o ex-presidente Lula sofreu condução coercitiva para depor na sede da Polícia Federal em São Paulo, por ordem do juiz Sérgio Moro, do Tribunal de Justiça Federal do Paraná. Este fato causou uma grande movimentação no cenário político e econômico do pais, ações da Vale e Petrobrás subiram, a Bovespa fechou em alta e o dólar e o euro caíram. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, se mostrou contra o modo de condução coercitiva do ex-presidente para o depoimento.

Lula foi acusado de falsidade ideológica e ocultação de patrimônio, que é uma modalidade de lavagem de dinheiro. Como o ex-presidente não possui nenhum cargo público, está sendo julgado como uma pessoa comum e pode ter a prisão preventiva decretada a qualquer momento, sem a necessidade de ser condenado.

Vendo estes fatores surgirem, a presidente Dilma Roussef convidou, na última terça-feira, o ex-presidente para um jantar e ofereceu-lhe um convite par ocupar algum cargo-chefe, mais especificamente a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) ou Secretaria de Comunicação (Secom) do Governo Federal. Se aceitar, ele terá foro privilegiado, ou seja, seria julgado pelo STF, que poderia ou não aceitar os documentos das investigações realizadas no Paraná.

Lula, por ora, resiste em aceitar o convite. Seria uma confirmação de “culpa” nos casos em que foi acusado. O vice-presidente Michel Temer não se pronunciou oficialmente sobre o caso envolvendo o ex-presidente.


Outro fator importante será a maratona de manifestações que ocorrem no Brasil hoje (13). Se Lula aceitasse a proposta poderia haver uma grande pressão popular para atingir o governo.

Dentro deste cenário, o PMDB atua como peça fundamental. Com o vice-presidente Michel Temer na base do governo, supostamente o partido estão do lado do PT para mudar o cenário político atual. Porém, ações ambíguas mostram uma certa ruptura com o próprio governo, criando ainda mais instabilidade política.

Para o professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso, Paulo da Rocha Dias, o PMDB “é a pior coisa que existe no Brasil”. Ele afirma que o partido se mostrou contra as posições tomadas anteriormente pela sua chapa, marcando uma suposta traição do PMDB ao governo. “Ontem eles tomaram um café da manhã com o Lula e deram de presente para ele uma Constituição, um presente que é totalmente ambíguo. O que isso quer dizer? Tomam café da manhã com o Lula e jantam com o PSDB. Por quê? 'O governo mudando ou não, eu [PMDB] estarei do lado dele'. Todos os vícios da política brasileira existem no PMDB”.


Porém, Paulo da Rocha menciona que existem pessoas boas no partido, como Roberto Requião (PMDB-PR) e Pedro Simon (PMDB-RS), mas, por serem poucos, acabam não fazendo a diferença. “Essas pessoas vieram do antigo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que era de oposição à ditadura. Mas do MDB não resta quase nada.

Se olharmos um pouco o histórico econômico, podemos mostrar que essas movimentações influenciam diretamente a economia do país. Isso se deve ao fato de nossas estruturas políticas serem centradas no Estado. Para o Professor doutor Joel Paese, do Departamento de Sociologia e Política da UFMT, este modelo de estrutura político-estatal muda o rumo da vida dos cidadãos a cada simples menções ou especulações políticas. “O atual quadro político passa por modificações, e essas modificações e mudanças sociais, devido a alguns fatores que marcam a nossa política há alguns anos, podem causar algumas bifurcações [mudanças nas esferas politicas e sociais]. Isso combinado a um esgotamento de um modelo econômico baseado no protagonismo do Estado que hoje se manifesta em inflação, relativamente descontrolada, crescimento econômico negativo, gerando pressões na base social do pacto político forjado nos últimos 13 anos, altera os fatores políticos. Agora, quais serão essas mudanças não há como prever, mas podem surgir novas alianças.”

Este modelo político leva a mudanças drásticas na sociedade muito mais fortes do que em outros governos que centram a sua política no mercado, como fator “dinâmico e articulador das relações sociais e políticas. O Brasil historicamente, desde sua origem, é centrado no Estado. Ele é o protagonista social, político e econômico”. O pesquisador encerrou dizendo que, nesta estrutura, temos uma cidadania e uma economia tutelada pelo Estado.

Ações como a do PMDB, de se relacionar e fazer e desfazer alianças constantemente, afetam a vida e o cotidiano de cada cidadão. Por isso, ações pró e contra o governo e a pressão do judiciário tornam ainda mais difíceis as mudanças e reestruturações que o país está tentando fazer para voltar a crescer.

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