CAMILLA ZENI
Há tempos, as reportagens jornalísticas servem como embasamento para
iniciar inquéritos e investigações, colaborando com a cidadania e a defesa dos
direitos dos cidadãos. Informar, lutar pela liberdade de expressão e denunciar
são alguns dos deveres da profissão, previstos no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, atualizado pela Federação Nacional dos
Jornalistas (Fenaj) em 2007.
Em 2015, o site de notícias MidiaNews produziu uma reportagem
especial abordando a intolerância religiosa existente no Estado. Na matéria Crimes motivados por intolerância assustam religiosos em Mato Grosso, foram denunciados
dois atentados, que aconteceram em menos de uma semana, contra centros
espíritas, sendo um de práticas umbandistas. Os dois templos religiosos, um
localizado em Cuiabá e o outro em Rondonópolis (212 km ao sul da capital) foram
incendiados por vândalos.
Após a reportagem, veiculada no domingo, 9 de agosto, se passaram
apenas quatro dias até que o Governo do Estado, na quinta-feira (13), por meio
da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), efetivasse a criação de um
setor específico para combater esses crimes, conforme reportagem do MídiaNews.
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Prof. Ms. José da Costa Marques Filho fala sobre o caráter social do jornalismo (Foto: Camilla Zeni) |
Na Constituição Federal também é estabelecida como direito do cidadão a
liberdade de expressão, mas atitudes agressivas e palavras ofensivas não se
enquadram, e são classificadas como crimes inafiançáveis e imprescritíveis. Ainda
assim, ataques que assumem caráter de intolerância - especialmente de caráter religioso - eram vistos de maneira equivocada e sem importância.
O secretário da Sesp à época, Mauro Zaque, se manifestou contrário aos
crimes cometidos e repudiou os atos de vandalismo. “Não iremos tolerar esse tipo de
ação. Somos um povo livre, não aceitaremos nenhum tipo de discriminação
religiosa”, afirmou.
No caso
do incêndio na Casa Espírita Virgem Imaculada Conceição, de Cuiabá, o Boletim
de Ocorrência fora registrado como “furto”. Depois, com a criação do setor
especializado, Mauro Zaque disse que as investigações passariam a ser
realizadas com mais critérios e de maneira mais rigorosa.
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Vinícius Lemos, jornalista do site MídiaNews (Foto: Camilla Zeni) |
Para o
coordenador de curso, cabe à imprensa apurar a fundo todas as questões. “Se de
um lado poderia ser um simples furto de bens materiais, do outro deveríamos
considerar as questões de intolerância, sim, já que se tem percebido um aumento
desse crime em todo o mundo, principalmente no Brasil, e mais evidente ainda
relacionado às religiões africanas. Denunciar e fiscalizar para que as
autoridades tomem providências é uma forma de evitar que a situação não tome
uma dimensão muito maior e mais preocupante”, finaliza.
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