ALINE COELHO
ARILDO LEAL
ARILDO LEAL
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Terceirização poderá aumentar [Foto ilustrativa: Prosecurity] |
Maria foi demitida do cargo de vendedora porque a dona da loja mudou de cidade. Ela se desesperou, pois já tinha mais de 50 anos e pouca experiência além dos anos na loja. Sem opções, há seis meses procurou emprego em uma empresa terceirizada de serviços gerais e pequenos reparos. Por precisar muito do dinheiro, Maria continua na vaga de auxiliar de serviços gerais.
“Eu
ganho muito pouco em relação ao trabalho que faço. Sinto que ele é desumanizado
e não sou valorizada. Por isso, muitas pessoas não ficam. Faço os serviços por
oito horas ao dia e ganho cerca de R$ 500 por mês. Eles [os
empregadores] pagam poucos direitos, não sei explicar, só olhando no holerite”, afirma a trabalhadora.
Maria faz parte dos 12 milhões de trabalhadores terceirizados de um universo de 45 milhões
de contratados, e a incidência de terceirização poderá aumentar, caso o Projeto de Lei 4.330 seja aprovado e sancionado. Hoje, a terceirização de atividades-fins é considerada ilegal pela Justiça do Trabalho.
Já
o encanador Wagner, 30, diz gostar do serviço que executa. “Trabalho há dois
anos como encanador e há sete meses nessa empresa. O salário está bom, comparado
ao mercado e em especial às indústrias, que era onde eu trabalhava antes”.
O
trabalhador reforça que não tem do que reclamar. Acredita que a terceirização
funcione em áreas com maior especialização de mão de obra, mas que as pessoas
com baixa escolaridade são desvalorizadas.
O
produtor cultural Demetrinho Arruda, acadêmico do 5º semestre de Jornalismo na
UFMT, concorda que a terceirização pode ser uma boa para os trabalhadores. “Eu
acho legal prestar serviço a quem dará o retorno que você espera. Hoje, com o
modelo de carteira assinada, é preciso cortar o vínculo e esperar alguém te dar
uma oportunidade, uma vaga para recomeçar”, explica.
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Para
o produtor cultural, o entendimento sobre a terceirização
depende da forma como
se encara essa prerrogativa
[Foto: Aline Coelho]
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Também
acadêmica de Jornalismo da UFMT, Julia Oviedo [7° semestre] é totalmente
contra a terceirização e exemplifica: “Um operador de telemarketing trabalha
muito, ganha pouco e não está em sintonia com os princípios porque simplesmente
ele não é da empresa”.
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“A terceirização é ruim para quem faz e recebe o serviço”, afirma Júlia. [Foto: Aline Coelho] |
O
PL que regulamenta a terceirização foi apresentado pelo deputado Sandro Mabel
(então no PL, hoje PMDB). No momento, o Projeto de Lei está sob apreciação do Senado, após a aprovação, no mês passado [22.04], das emendas na Câmara dos Deputados, por 257 a 38, com
33 abstenções.
Clique
aqui para acessar o texto integral da PL 4330.
Posicionamento da
bancada de Mato Grosso
Com
exceção do deputado Ságuas Morais [PT-MT], a bancada mato-grossense votou a
favor do projeto. “Meu mandato e minha legenda fomos contra porque a
terceirização, que reduz o salário do trabalhador [em média 27%, segundo o
Dieese], será estendida para além das atividades-meio, como limpeza, serviços
gerais e segurança, passando a abranger as atividades-fim”, declara o petista.
Já
o deputado Nilson Leitão [PSDB-MT] comenta que ele e os demais deputados que
votaram a favor receberam muitas reclamações pela postura via e-mail, Whatsapp e
outras redes sociais. “A empresa terceirizada é gerida com a mesma competência
que a principal, são os mesmos brasileiros e será melhor para o Brasil”,
ameniza.
Para
o Líder do PT na Câmara, Sibá Machado, a PL 4330 impede o crescimento
profissional e aumenta a rotatividade dos trabalhadores. Fábio Garcia [PSB-MT] afirma, porém, que “não haverá prejuízos aos funcionários contratados”.
Caso
o texto seja aprovado sem ementas no Senado, seguirá para a sanção presidencial.
A presidenta Dilma Rousseff, por sua vez, tem declarado que “é preciso manter a
diferença entre atividade-fim e atividade-meio”.
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